Na sequência do concurso de empreendedorismo ARRISCA Coimbra 2008, o Gats juntamente com a AAC tem organizado uma série de workshops sobre empreendedorismo. Convidado pelo Miguel da jeefeuc fui hoje à sala de formação do IPN para assistir ao evento.
Gostaria apenas de notar que apesar de aceitar a falta de pausas (devido as restrições de tempo), as cadeiras do auditório eram bastante desconfortáveis e ainda agora me doem as costas.
Seguem de seguida as minhas notas sobre o evento. Foram 3 paineis de dois oradores cada, e intervenções de 20 minutos. A participação da audiência foi miníma.
Primeiro Painel
Miguel Júdice
Miguel Júdice, administrador do Grupo Quinta das Lágrimas
- Não acredita em Business Plans, mas acredita que é bom fazê-lo
- Pela sua experiência nos EUA, os americanos são muito mais empreendedores.
- É provavelmente uma questão cultural, visto descenderem de imigrantes que foram obrigados a empreender para se instalarem no novo continente.
- Lá, todas as universidades têm cursos de empreendedorismo. Cá é muito mais raro.
- Os VCs lá são muito mais activos que em Portugal.
- Ser empreendedor não é só criar empresas
- Pode-se empreender mesmo trabalhando para outros.
- Ser mais responsável
- E ser mais rentável para o empregador
- Depois de ter uma base de negócio, tenta diversificar as áreas de acção, reusando os recursos existentes.
- Vivemos em tempos de crise, mas são óptimas alturas para afinar o negócio
- Separa-se o trigo do joio
- Incute-se responsabilidade
- Os gastos são reduzidos ao essencial, e corta-se no nice to have
- É uma oportunidade de investimento, porque muitas empresas se libertam de activos, ou de projectos
João Paulo Craveiro
João Paulo Craveiro, Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana Coimbra Viva.
A apresentação foi muito fraca, porque limitou-se a ler um texto escrito, e basicamente veio vender o seu peixe.
- Um estudo da FEUP em 94 em que todos os alunos tencionavam trabalhar por conta doutrem, quer seja estado, quer privado.
- A área da construção civil emprega 10% da população nacional.
- Em Portugal apenas 24% da construção é reabilitação, enquanto no estrangeiro é o inverso.
- Vantagens:
- Apoios do estado
- A necessidade de terem melhores resultados na certificação energética obrigatória no próximo ano.
- As empresas actuais só restauram exteriores, ou pormenores específicos, e não há equipas multidisciplinarizadas.
- O maior risco na área imobiliária são so prazos de aprovação de projectos, o que não acontece na recuperação.
- O IVA é de 5%
- Isenção de RMI, IRC (para os vendedores) e apenas 10% de tributação
Discussão final
Em relação ao discurso que o Presidente da República deu hoje na ONU:
- A crise originou-se na desregulação do mercado
- E a culpa é da falta de rigor e de responsabilidade dos empresários e administradores de empresas
MJ:
- Esta situação é má para os empresários
- Menos empréstimos para investimentos (mais rigorosos na selecção, ou então taxas mais altas)
- Deve existir uma ética empresarial, que não é ensinada nas universidades
- A natureza humana é querer mais dinheiro (greedy)
- Origina um capitalismo mais selvagem, que pode gerar estas bolhas
- No entanto é o lucro que alimenta as empresas, e no fundo sustenta todas os trabalhadores
JPC:
- A ética não deve ser das empresas, mas das pessoas que nela trabalham
- As normal comportamentais das empresas devem ser reguladas pela lei
- A ética é rentável, porque a falta dela normalmente acaba por levar a outros custos no final
Segundo Painel
Jorge Figueira
Jorge Figueira, do Gabinete de Apoio às Transferências do Saber da Universidade de Coimbra, apresentou o concurso arrisca, e falou sobre como estruturar um plano de negócios. Este pode ser usado tanto para comunicação externa (novos elementos ou investidores), ou como ferramenta de orientação e planeamento interna.
Assim que tiver acesso, coloco online.
Nuno Gomes
Nuno Gomes, da BIC Minho
- BIC: Business Innovation Center
- Apoiam o processo de abrir um negócio
- O Business Plan é obrigatório
- O ser-se Empreendor é uma coisa que se pode aprender
- Então e a Educação em Empreendedorismo na Universidade?1
- Podemos começar já a ser empreendedores nos nossos cursos
- Ser empreendedor é um factor preferencial no mercado
Ernesto Vieira
Ernesto Vieira, do Grupo Auto-Sueco
- É importante viver com o risco, é isso que faz de uma pessoa um empreendedor
- É também importante ir acumulando riqueza
- porque as coisas podem correr mal
- Ter um negócio familiar é bom, mas há que ter dimensão para haver lugares distânciados para todos.
Bruno Carvalho
Bruno Carvalho, gestor da Active Space Technologies
- É vital acreditarmos na nossa capacidade, mesmo que as coisas não estejam mais favoráveis.
- E também fazer sacríficos, como ir de bicicleta para o emprego porque não há dinheiro para a gasolina.
- Podemos aprender o que se faz bem lá fora, e inovar em cima disso
- Se Portugal não nos quiser, paciência, trabalhamos para outros
- É o caso deles, que Portugal não investe em tecnologia espacial, apenas injecta dinheiro na ESA, e eles trabalham para a Alemanha.
1 Concordo com o Vitor Santos da Microsoft, em que o empreendedorismo não se pode ensinar apenas nas Universidades. Nessa altura já é tarde de mais. Deve-se começar na escola logo desde o ensino básico.