Alcides Fonseca

40.197958, -8.408312

Sobre a licenciatura do outro

A lista de governadores com falsas licenciaturas foi extendida recentemente. Rui Roque terá apresentado um documento com a média de curso, mas não necessariamente comprovativo de que a licenciatura estaria concluída. Tanto é ridículo do lado dele, como de quem verificou os documentos.

Mas do meu ponto de vista há uma terceira identidade que esteve mal nesta história: a Universidade de Coimbra. Citando do Observador:

Contactada pelo Observador, a Universidade de Coimbra escudou-se nos regulamentos, explicando que a universidade “não pode fornecer informações sobre os seus estudantes e antigos estudantes” e que “a única coisa que pode fazer é validar documentos oficiais, como sejam diplomas emitidos pela UC e confirmar ou não a sua veracidade.”

Que a UC se esconde atrás do regulamento não é novidade nenhuma. É prática normal na sua relação com os estudantes, mesmo quando o regulamento não faz sentido. E parece-me ser o caso. A UC deveria publicar uma listagem dos diplomas atribuídos assim que os alunos terminam o curso. Esta informação em universidades públicas não deveria ser escondida. Acredito que os docentes da universidade deveriam ter orgulho em disponibilizar esta informação, e não vergonha como acontece em casos onde os alunos terminam o curso sem o merecerem, por diversos motivos. E assim não haveria dúvida nenhuma de quem tem uma licenciatura ou não.

Mas a minha sugestão vai mais adiante: disponibilizar a listagem de alunos que concluem cada curso, com a média final e, ao estilo americano, o primeiro empregador assim que possível.

Do lado dos alunos, haveria um incentivo para terem a melhor média possível, para que os empregadores (que certamente iriam olhar para essa listagem) olharem para eles primeiro, antes de outros. Do lado da universidade, a informação dos primeiros empregadores incentivaria potenciais candidatos a ver a empregabilidade do curso.

Falam em transparência na administração pública, Open Data, e outras coisas. Mas nem as universidades, onde a investigação é feita, dão esse primeiro passo.