Recentemente o Primeiro Ministro anunciou na WebSummit uma contratação directa para o desenvolvimento de um LLM Português. Falou no IST e na Nova, omitindo o resto do consórcio em IA Responsável que tem trabalhado em vários aspectos relevantes (fairness, sustentabilidade ambiental e fiabilidade).
Curiosamente, um grupo de investigação do meu departamento tem já feito trabalho na área, tendo lançado dois modelos (Albertina e Gervásio) em Português Europeu. Deu agora uma entrevista muito educativa ao Dinheiro Vivo:
Por exemplo, um banco quer apenas ter um assistente virtual para os seus clientes, que fale acerca de depósitos, levantamentos, etc. Não vai querer que o seu chatbot faça tradução automática, sumarização, dê a biografia do Friedrich Nietzsche e faça piadas.
Um LLM não é um chatbot. Um LLM é, numa analogia que as pessoas compreendem, uma espécie de um motor e a partir de um motor nós podemos fazer diferentes modelos de carros. O LLM é aquilo sobre o qual se pode desenvolver diferentes aplicações, uma das quais é o chatbot, outra, por exemplo, a tradução automática, ou o diagnóstico médico, etc.
Então, a nossa proposta nesse artigo de opinião, que saiu no Público em fevereiro de 2023, é que o que precisamos de uma IA aberta e de desenvolvimento de LLMs em código aberto, licença aberta e distribuição aberta para que outros atores e outras organizações, seja da investigação, seja da administração pública, seja do setor da inovação, possam eles próprios construir as suas propostas de valor e tirar partido desses LLMs sem estarem dependentes do fornecimento desses serviços, das big techs. Portanto, quanto mais houver uma oferta cada vez mais variada, mais se reduz o risco de dependência de um pequeno oligopólico que nos fornece esses serviços.