Alcides Fonseca

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Beatas no chão e fumar para trabalhar

Acho nojento olhar para a nossa bonita calçada portuguesa e ver beatas espalhadas por todo o lado. Esse cenário é infelizmente comum à volta de cafés, restaurantes e outros sítios de lazer.

É com bons olhos que vejo o projecto de lei apresentado pelo PAN e aprovado pela assembleia que proíbe atirar pontas de cigarro para a via pública e que, na sua redacção final, prevê coimas entre 25 a 250 euros. Apoio mesmo sabendo que na prática pouco vai mudar.

Mas o que me deixa mais chocado é que todos os edifícios onde é proibido fumar deverão dispor de cinzeiros e de equipamentos próprios para deposição dos resíduos indiferenciados e selectivos, sob pena de enfrentarem multas de 250 a 1500 euros. Não que tenha uma posição tão radical como a japonesa (no Japão, a reciclagem teve imenso sucesso à custa de que cada cidadão é responsável pelo seu lixo, tendo mesmo que o levar no bolso), mas acho ridículo que esta seja a prioridade dos nossos deputados.

Isto porque a lei do tabaco já foi actualizada várias vezes, mas nunca se aplicou a proibição de fumar a 5 metros da porta de locais públicos. Já houve tentativas, mas eram focadas em hospitais e escolas e sem nunca considerarem a aplicação de coimas.

Não me incomoda que existiram caixotes do lixo à porta de locais públicos (sobretudo locais de trabalho). Mas existirem cinzeiros é um convite a fumarem à porta de todos os edifícios (acentuado em dias de chuva), onde qualquer pessoas é obrigada a ser fumador passivo para sair ou entrar do seu local de trabalho.

Ao fim de contas, uma pessoa é obrigada a fumar para trabalhar, ainda que em segunda-mão, com todos os efeitos prejudiciais para a saúde que implica.

Acho bem que se multe quem atira beatas para o chão. Tal como acho prioritário que se multe os fumadores à porta de edifícios (ou esplanadas, ou paragens de autocarro, ou locais de reunião) antes de multar qualquer edifício público por não ter um cinzeiro.