Na sequência da carta enviada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior dirigida ao Presidente do Conselho de Reitores no passado dia 10 de Setembro, repudiando de forma veemente a prática das praxes académicas infligidas aos estudantes que ingressam no Ensino Superior, e dando conta da intenção de responsabilizar civil e criminalmente, por acção e por omissão, os órgãos próprios da instituição sempre que se demonstre a existência de práticas ofensivas para os estudantes, fica decidido:
- Não reconhecer legitimidade a qualquer auto-denominada comissão de praxe, proibindo as actividades que neste momento lhes estão associadas nos campi da Alameda e do Taguspark;
- Proibir a prática de praxes académicas nos campi da Alameda e do Taguspark, qualquer que seja a forma como são organizadas.
Qualquer violação a esta directiva deverá ser comunicada ao Conselho Directivo da Escola, que agirá em conformidade, não estando excluída a possibilidade de abertura de um processo disciplinar ao(s) elemento(s) prevaricador(es)
Fonte: @miguelpais e mais uns poucos via Twitter
Ao contrário do que devem estar a pensar, aqui o Alcides anti-praxe não está de acordo com a medida tomada. De facto acho uma estupidez.
Eu não estou dentro do assunto, mas suponho que esta decisão tenha sido tomada no seguimento das informações passadas pelo Ministério do Ensino Superior. Logo a melhor solução é proibir a praxe por completo???
Ora o que é exactamente a praxe? É um código de conduta que tem como objectivo integrar os alunos, ou uma qualquer outra descrição tão abstracta quanto isto? Vão proibir qualquer acolhimento de novos alunos?
I may not agree with what you say, but I’ll defend to the death your right to say it. – Voltaire
Eu não concordo com a praxe e acho que não é necessária para a integração dos alunos, e que tem até aspectos negativos em várias situações. No entanto a solução não é proíbi-la! Isso só lhe dá mais identidade e ainda mais força. Os alunos é que têm de perceber isso por eles próprios. Não obrigados pela instituição.
De facto, o texto foi infeliz. Deviam ter escrito algo como o que o Nuno Job escreveu no blog:
A participação nas actividades com significado académico ou sócio-cultural, integradas no acolhimento aos novos alunos, tem carácter voluntário, pelo que nenhuma forma de coacção física ou psicológica deve ser permitida nas instalações da Universidade.
Não são autorizadas em nenhuma circunstância, manifestações de acolhimento, fora do Programa de Acolhimento aos Novos Alunos, que perturbem o normal funcionamento das actividades da Universidade.
Isto faria sentido, até porque sei de vários casos em que os alunos querem ir as aulas, mas são obrigados a faltarem para ir a praxe com os doutores. Durante o tempo lectivo era de evitar. Agora fora dele, não vejo porque não possam fazer as figuras parvas que se voluntariarem para fazer. Claro que nesse caso a culpa tb é dos caloiros que não sabem dizer que não. Mas muitos têm medo que depois não possam vestir o traje, de que tanto se orgulham. O que, já agora, não tem lógica nenhuma. Qualquer aluno, mesmo que não ligue a praxe, pode usar o traje sem problema nenhum.