Associação Académica de Coimbra (AAC) estima que cerca de 2700 estudantes possam vir a ser excluídos da Universidade de Coimbra (UC) no próximo ano lectivo, no âmbito do regime de prescrições da instituição. A reitoria da UC diz que é “prematuro” adiantar qualquer número, mas acrescenta já ter começado a contactar todos os estudantes que estão numa “situação de risco”. A situação da UC não é única no país, embora cada universidade tenha um regime de prescrições próprio.
Na Universidade Nova de Lisboa, por exemplo, onde cada faculdade tem regras próprias, o reitor António Rendas prevê que o número de alunos em risco de exclusão no próximo ano lectivo seja “seguramente inferior a 2 mil”. “Estamos a acompanhar o assunto, mas não prevejo um problema muito grave”, afirma.
No caso da Universidade do Porto (UP), o regulamento de prescrições foi aprovado em 2007, mas só entrará em vigor de forma plena no final do próximo ano lectivo. Maria de Lurdes Fernandes, vice-reitora da UP, afirma que este período de transição teve por objectivo dar “tempo aos alunos para se adaptarem às novas regras”. No entanto, admite que no próximo ano lectivo “entre 5 a 10 por cento dos alunos” de licenciaturas da UP – 1100 a 2200 estudantes – possam ser excluídos. “Esperamos que, entretanto, muitos destes alunos consigam melhorar a sua situação escolar”, afirma, acrescentando que a UP criou a possibilidade de os estudantes se inscrevem em mais de 60 créditos por ano para poderem melhorar a situação escolar.
Estas normas, que definem o número mínimo de disciplinas ou créditos que os alunos têm de realizar por ano, resultam da Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior, de 2003. As regras de exclusão variam consoante a instituição, mas as soluções mais comuns apontam para um limite máximo de seis inscrições para os alunos completarem três ou três anos e meio do curso. É o que sucede em Coimbra e no Porto.
De acordo com o presidente da AAC, André Oliveira, a estimativa de 2700 alunos resulta de números fornecidos à associação pelos serviços académicos da UC. Ontem, a reitoria da UC fez saber, através do gabinete de imprensa, que os casos correspondem a situações de “diferente gravidade”. Alguns alunos estarão dependentes da realização de uma cadeira até ao final do ano para poderem continuar a estudar. Até ao termo do ano lectivo, a reitoria admite a possibilidade de se realizarem épocas especiais de exames para estes alunos.
Fonte:1 Público 21.06.2008, André Jegundo (via Que Universidade?)
Devo ser dos poucos que fica feliz com estas notícias. No meu departamento (desta mesma Universidade) farto-me de ver flyers de manifestação contra as prescrições. Mas as prescrições são uma coisa boa! É estas novas normas que impedem que os alunos andem a anos e anos sem fazer cadeiras, ou a fazer muito poucas. Estas pessoas, a meu ver, deviam abrir os olhos para a vida e aperceber-se que o Ensino Superior não é para elas. Eu sei que o país precisa de aumentar o número de licenciados para um índice qualquer da União Europeia, mas também é preciso manter um certo nível de qualidade no ensino. Não acho bem os meus impostos serem usados para financiar parte dos anos que estes calões andam por aqui nas festas académicas!
1 Não sei até que ponto é ilegal estar a copiar para aqui o texto da versão online. Mas para me aliviar a consciência, se gostam de estar a par destas notícias relativas a educação, comprem o Público ;)